Tradicionalmente os socialistas libertários escreveram obras mais acessíveis a classe trabalhadora, onde em paises em que o capitalismo avancou primeiro os trabalhadores eram mais engajados em revoltas revolucionarias. E não atoa que os movimentos de revoltas trabalhadoras e revolucionários no Sul da Europa e Americas até 1917 tiveram mais influência anarquistas. Já a Alemanha que tardiamente ainda tinha Feudalistas, monarcas e uma grande classe de artesãos influentes (classe media) [Leia “A Ideologia Alemã” de Marx e Engels] em que o pensamento teve mais influência dessa classe média intelectual (pequena burguesia). E não atoa as ideias sobre vanguarda e social democracia ganharam mais apelo entre a classe trabalhadora dos países Germânicos.
Por isso eu achei esse comentário de Bakunin interessante, pq O Capital, obviamente, não foi escrito para a classe trabalhadora mas sim para a classe média e seus intelectuais. O que ao meu ver deu mais ênfase e impulso aos sociais democratas e depois vanguardistas do que a autonomia revolucionária da classe trabalhadora em si. E por isso pensadores/escritores mais acessíveis a classe trabalhadora foi mais influentes no Sul/oeste da Europa. Bakunin iniciou a traducao de O Capital apesar de nunca ter terminado. Carlos Cafiero criou uma versao traduzida e e mais acessivel aos trabalhadores na Italia, do qual foi elogiado por Marx.
Bakunin sobre o Capital:
[…]nada, que eu saiba, contém uma análise tão profunda, tão luminosa, tão científica, tão decisiva, e se assim posso exprimir, uma exposição tão impiedosa da formação do capital da burguesia e a exploração sistemática e cruel que o capital continua exercendo sobre o trabalho do proletariado. O único defeito desta obra… de direção positivista, baseado em um profundo estudo das obras econômicas, sem admitir outra lógica que não a lógica dos fatos – o único defeito, digamos, é que foi escrito, em parte, mas apenas em parte, num estilo excessivamente metafísico e abstrato… que o torna difícil de explicar e quase inacessível para a maioria dos trabalhadores, e são principalmente os trabalhadores que devem lê-lo. […]
https://www.marxists.org/reference/archive/bakunin/works/various/capsys.htm
Eu penso que a questão não é sobre o objetivo do estudo ou a análise “correta”, mas sim o público para quem a obra foi escrita.
Afinal de contas, escrever de forma acessível para a maioria dos trabalhadores não implica em fazer análises menos “correta” e nem muda o objetivo do estudo.
Mais ou menos, acessibilidade não implica necessariamente em estar menos correto mas pode implicar sobre o texto estar menos denso. Não ajuda que Marx na época que tava escrevendo o capital, estava relendo Hegel.